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domingo, 30 de janeiro de 2011

Nasce uma advogada: Beth Campos



Mil oitocentos e vinte e cinco dias que fizeram a diferença.
Depois do trabalho diário na PBH,
driblando o trânsito e suas conjunturas de perigo,
desafiando as estatísticas em vermelho em sua moto,
valente, resiliente, como se dançasse uma sevilhana,
o Brasil ganha uma advogada
que tem o ritmo da coragem:
Helyzabeth Kelen Tavares Campos.

TV O TEMPO:Quadrinista mineiro GUZ fala sobre a paixão pelos desenhos

Assistam ao locutor que vos fala, em recente (25.01.2011) entrevista à TV O TEMPO, no Dia Nacional dos Quadrinhos.Na verdade, sempre fui mais cartunista do que quadrinista. Mas foi com os quadrinhos que tudo começou: foi neles que descobrí o mundo fabuloso da criação e do humor!




quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Porque não conhecí a presidente Dilma nos anos de chumbo ou Anos de chumbo: Ex-companheiros de Dilma relembram tristes momentos na VAR Palmares ( O Gl



No período 1965-1966, tornei-me 1º Vice-presidente da UEE-MG, um importante centro de resistência estudantil contra a ditadura,onde conviví quase diáriamente com dois dos citados anteriormente pela presidente Dilma como "aqueles que tombaram" . Para aqueles que perceberam, Dilma Roussef emocionou-se nas duas vezes em que citou esta expressão, tanto na posse no Congresso Nacional como no discurso no Parlatório. Relembro também dos meus momentos vividos numa época em que se exigia dos jovens muito mais do que eles poderiam fazer...
Um dos principais desaparecidos pela repressão e tortura foi Beto, Carlos Alberto de Freitas,codinome Breno, teórico da POLOP (Política Operária), que evoluiria para o grupo de resistência armada COLINA (Comando de Libertação Nacional), posteriormente alterada para VAR-Palmares.

Apesar de se inclinar para a linha maoista, Beto envergava a maior parte do tempo um vasto bigode a la Stalin, mas gostava de deixar expressa a sua opinião desconfiada sobre os propósitos do PCB, o Partidão, cujos quadros eu bissextamente integrava, o que parecia aos meus olhos uma barreira interposta por ele para uma amizade mais próxima.Olhos verdes, simpático, sorridente, sedutor nos seus argumentos e articulações, eu via-o sempre cercado de devotadas seguidoras, entre as quais se destacava, para nosso desgosto do PCB, a companheira teuto-brasileira Helga,entre outras musas da minha juventude.

Mas de todas as belas, Maria Auxiliadora Lara Barcelos, a Dodora, estudante de medicina ( que não frequentava a UEE) era definitivamente quem impulsionava minhas pulsações.Com ela, eu tinha o privilégio de conviver todas as tardes no DER-MG (Departamento de Estradas de Rodagem), embora à distância, pois nunca nos falamos, como amanuenses-estudantes. Eu trabalhava na seção de Arquivo e Protocolo , localizada junto ao relógio de Ponto, e Dodora era irmã de Maria Helena, uma de minhas colegas, e por lá obrigatóriamente passava, após carimbar os cartões de cartolina. Alta, os olhos verdes contrastando com o escuro dos cabelos, um sorriso lindo e calmo, eu admirava-a sem saber que estava tão envolvida na Polop quanto os companheiros da UEE. Ângelo Pezzuti, seu colega de medicina, que sempre aparecia nas madrugadas de pixações, tornou-se o líder da facção armada no ano seguinte, também para minha surpresa, pois imaginava-o pouco engajado, numa militância muito bem disfarçada.

Não conhecí Dilma Roussef, que apenas em 1967 seria cooptada pelo grupo no Colégio Estadual. Nosso líder no PCB, o radicalíssimo Xuxu, Mário Roberto Zanconato, da mesma turma de medicina, propôs e optou por dissentir da linha oficial, integrando pela luta armada a CORRENTE,para a qual fui insistentemente convidado. Mas nessa época eu estava me interessando cada vez mais pelo desenho de humor, pelas charges que desenhava para o DX, nosso jornal acadêmico da Escola de Engenharia. À minha opção por esta arte singular devo o meu desengajamento progressivo, assim como a sobrevida até hoje, o que possívelmente terá também ajudado à sobrevivência de alguns companheiros de luta, pois a minha miopia ( e completa inabilidade manual ) era a última coisa que combinava com armas, pontarias e " expropriações" aventurosas.

No artigo de hoje, O Globo aborda o destino de Beto, cuja morte teria ocorrido na Casa da Morte, um centro de torturas em Petrópolis, onde as vítimas eram posteriormente esquartejadas (com ele foi preso e morto o advogado Antônio Joaquim Machado, o Quincas,de Pompéu/MG, cujo desaparecimento é práticamente ignorado pela mídia), e Dodora, que suicidou-se em 1976 no metrô de Berlim, aonde se asilara depois de presa no Rio ,e terrivelmente torturada, de onde foi libertada em troca do fim do sequestro do embaixador suiço.Ângelo Pezutti também foi libertado da mesma forma, falecendo num desastre de moto em Paris, em 1976. O médico Mário Roberto foi trocado na primeira leva de sequestros, o do embaixador Elbrick,clinicou 25 anos em Cuba, mas o socialismo de Fidel tem limites até mesmo para os que veneravam-no, transferindo-se finalmente para São Paulo ou Santos.

Outros nomes heróicos integram a lista de minha convivência,todos mortos sob tortura, como Honestino Guimarães, que conhecí calouro de geologia da UNB, em 1966, ex-presidente da UNE, assassinado em 1973;José Júlio de Araújo, o Jota, no DOI-CODI/São Paulo, em 1972,na época da UEE meu parceiro de pesquisas sobre a densidade feminina no Edificio Maletta; e José Carlos da Mata Machado, advogado, também assassinado no DOI-CODI, em 1973, quando tentava escapar do país que o perseguia, denunciado pelo próprio e ensandecido cunhado.E, à parte, Mário Alves,paraibano, jornalista e líder dissidente do PCB, fundador do PCBR, assassinado em 1970, no Rio, que nos visitava em casa, até 1967.

Anos de chumbo
Ex-companheiros de Dilma relembram tristes momentos na VAR Palmares

Publicada em 08/01/2011 às 18h23m
Chico Otavio
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RIO - Em fevereiro, fará 40 anos que Carlos Alberto Soares de Freitas, antes de descer do ônibus na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com Princesa Isabel, no Rio, acenou pela última vez para Sérgio Emanuel Campos. Desde então, não foi mais visto. Sua mãe, Alice, até morrer, manteve intacto o quarto do filho, dizendo que ele ficara com a chave da porta e poderia reaparecer a qualquer momento. ( Assista a trecho de documentário que relata violência na ditadura )

Reinaldo Guarany também se lembra do derradeiro aceno de Maria Auxiliadora Lara Barcelos. Foi da portaria do prédio onde moravam, na então Berlim Ocidental, na primavera de 1976. Da rua, ela gritou para que o namorado fosse à janela do quartinho se despedir, coisa que jamais fizera antes no exílio. Pouco depois, a caminho da universidade, se jogou na frente de um trem do metrô da cidade. (Leia também: Governo Dilma quer aprovação da Comissão da Verdade para identificar torturadores )

Nos anos sangrentos da guerra suja no Brasil, Carlos Alberto, o Beto, e Maria Auxiliadora, a Dodora, eram a mais completa tradução do "endurecer sem perder a ternura". Belos e idealistas, encarnaram a figura do guerrilheiro romântico sob a insígnia da VAR Palmares. Apesar da diferença de idade (ele era de 1939 e ela, de 1945), tinham muitos pontos em comum. Um deles sobreviveu ao tempo: a capacidade de emocionar, com a história de suas vidas, a ex-companheira e hoje presidente da República, Dilma Rousseff.

E é Dilma quem agora, com a força do cargo, poderá virar a chave da tranca que guarda os segredos do martírio de Beto, Dodora e outros nos porões do regime. Quando assumiu a candidatura, em fevereiro passado, a então ministra lembrou de ambos, que se foram "na flor da idade", assim como Iara Yavelberg, ex-companheira do capitão Carlos Lamarca - "Beto, você ia adorar estar aqui conosco", "Dodora, você está aqui, no meu coração. Mas também aqui com cada um de nós", recordou-se, emocionada, em discurso na convenção do PT.

Seis dias antes da convenção, num momento mais ameno daquele fevereiro, Dilma esteve na Passarela do Samba, onde assistiu aos desfiles do Grupo Especial. A festa tem entre seus chefões o ex-capitão do Exército Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, citado em depoimento de Dodora à Justiça Militar como um dos autores das violências contra ela e dois outros companheiros.

Embora Maria Auxiliadora seja nome de unidade de saúde em São Paulo, e militantes da luta armada tenham batizado os filhos como Breno, homenagem ao codinome de Carlos Alberto na clandestinidade, os dois guerrilheiros, mineiros como Dilma, não fazem parte da lista dos adversários mais famosos do regime que tombaram nos confrontos, como Carlos Lamarca, Carlos Marighella e Mario Alves.

O professor universitário Sérgio Campos, último a ver Beto, decidiu investir metade da indenização de R$ 100 mil que recebeu do governo, como vítima do regime, no resgate da memória do "comandante Breno". Para isso, convidou a jornalista carioca Cristina Chacel para produzir um livro sobre o personagem, a ser lançado ainda este ano.